terça-feira, 24 de julho de 2012

Pedir empréstimo ao banco

Quando iniciei a construção da casa felizmente tinha algumas economias de lado, e não precisei de pedir crédito ao banco.
No entanto, devido a algumas vicissitudes económicas no decurso da obra, tive de me decidir a avançar com um pedido de crédito à habitação.

Nessa altura já tinha tudo aprovado e a obra já estava a meio. Depois de pensar bem quanto ia pedir e o prazo de pagamento, fui a vários bancos pedir informações e simulações.
De notar que o tipo de crédito que se pede para a construção tem exactamente as mesmas condições que o crédito à habitação "normal", i.e., aquele que se pede quando se vai comprar uma casa nova.
É claro que o banco onde me deram melhores condições - menor spread - foi o banco onde já há alguns anos eu tenho a minha conta ordenado. Não foi grande surpresa para mim, uma vez que o spread depende fortemente do risco que o banco atribui à operação. Para um cliente antigo e sem incidentes de percurso o banco pode baixar o spread. Claro que o spread e a taxa final dependem sempre muito da altura em que se pede o crédito - quando os bancos andaram aí todos em pânico com o crédito mal parado os spreads subiram muito, depois desceram... essas oscilações são sempre difíceis de prever, claro.

Quando finalmente o banco dá uma simulação definitiva, com os valores das prestações mensais, temos ainda que atender às seguintes despesas, que por vezes não são tão evidentes assim:
  • - Ainda antes de recebermos 1 tostão já estamos a pagar as chamadas despesas do "processo". E não são nada meigas - eu paguei cerca de 300 euros.
  • - Depois avança a escritura do empréstimo e hipoteca: dinheiro para a escritura, mais para os registos da hipoteca. Informe-se bem de quanto é que vai ter de largar para a burocracia - eu paguei 370 euros para o banco, mais 325 da escritura e registos.
  • - Se olhar bem para a simulação vai reparar que além da prestação do empréstimo vai ter de pagar uma parcela para os seguros. Sim. Seguro de vida, para cobrir o risco de morte e invalidez permanente, não vá acontecer-lhe alguma coisa e o banco ficar a arder com a massa. E seguro multi-riscos habitação, porque a sua casinha será uma garantia do empréstimo, e o banco não quer que lhe aconteça nada (à casa) que o seguro não possa pagar.
Pode crer que tudo isto somado é bastante. Mas como nenhum banco concede empréstimo sem fazermos estas despesas, que remédio!
No entanto, os seguros você pode normalmente negociar - o banco propõe-lhe uma seguradora, mas se você conseguir arranjar seguros mais baratos com as mesmas condições poderá poupar alguns euros.

No caso do meu empréstimo, ainda fui brindada com uma surpresa, e não tenho mesmo a certeza de que nos outros bancos também seja assim: é que só me é disponibilizada parte da quantia que pedi (cerca de 70%). Os últimos 30% só me serão disponibilizados quando a obra estiver concluída, i.e., quando eu apresentar a licença de utilização. E tenho 2 anos para pedir esta quantia final. Estas condições só me serviram para atrapalhar. Mas para os bancos garante-lhes que a casinha ficou mesmo concluída, e que não recebem como garantia um mono inacabado, eternamente "em construção".
A coisa boa é que no meu plano nos 2 primeiros anos a prestação é bastante baixa. Pressupõem que esses anos são os de construção, portanto o cliente terá mais despesas do que nos anos seguintes.

Antes de fazer a escritura da hipoteca, o banco tem de aprovar o empréstimo. Para isso tive de entregar o projecto de arquitectura, o original, aprovado pela câmara, a certidão predial, a licença de construção, e os técnicos do banco foram fazer uma avaliação no local. Felizmente o processo não demora muito. Cerca de um mês e aprovaram tudo, e marquei a escritura. No dia da escritura disponibilizaram-me a 1a tranche (os tais 70%).

Ignoro como as coisas se passam quando se pede um empréstimo para uma construção que ainda não começou, e que provavelmente só irá começar quando e se o empréstimo fôr concedido...